Dia Mundial da Saúde Mental: a pandemia invisível em foco.

As pessoas são muito simples e consideravelmente frágeis. Qualquer ajuda lhes é relevante neste momento. Pois as demandas são muitas e os recursos para o suporte à saúde mental, relativamente escassos.

No dia de hoje o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, mandou uma carta aberta a todos os líderes mundiais pedindo a priorização da Saúde Mental na agenda de todos os governos. Hoje, apesar de mais de 70% do trabalho humano ser mental e cognitivo, apenas 2% do orçamento em Saúde no mundo é destinado à Saúde Mental - e como diz o próprio secretário geral em seu texto: isso é inaceitável!

O mato é muito alto no tema da Saúde Mental global. Segundo a ONU e a OMS o COVID19 está sendo controlado, mas a pandemia de saúde mental, se não receber a atenção devida, pode se estender por mais de duas décadas.

Nos países desenvolvidos, 75% das pessoas em sofrimento mental diz não estar recebendo orientação adequada. Já nos países pobres, mais de 75% da população que precisa de cuidados de saúde mental não tem nenhum tipo de ajuda ou suporte. Mas por que nos tomou tanto tempo para percebermos isso? Bem, como diz um conhecido príncipe, talvez porquê o essencial seja invisível aos olhos.

“Achar que uma palestra irá resolver a saúde mental de sua empresa é como ter um filho viciado em drogas e achar que um panfleto de conscientização irá solucionar o problema.”

Sabemos que dar palestras dentro de empresas sobre saúde mental, por exemplo, é uma atividade relevante para a conscientização. Mas isso nem de longe, tem a potencialidade mínima para resolver o problema. Dar uma palestra sobre saúde mental achando que vai resolver o problema é mais ou menos como ter um filho viciado em drogas em casa e lhe dar um panfleto e achar que isso vai mudá-lo. A ação em si pode até ser bem intencionado, mas é o legítimo caso de tapar o sol com a peneira.

Os recursos necessários para se resolver ou, ao menos, encaminhar um problema como o da saúde mental seja dentro ou fora de organizações requer muito mais recursos do que queremos aceitar. Mas a questão é que precisamos aceitar. A mente é a base da vida humana e se a mente não está organizada e funcional - e temos milhões de motivos na hipermodernidade para que ela não esteja - tudo o mais entra numa espécie de entropia. Recursos cognitivos e recursos emocionais precisam ser empenhamos com força na busca e na construção de soluções. Aliás, o tema da saúde mental é um problema complexo, do tipo que precisa de inúmeros esforços em conjunto para que a base da equação do sofrimento psíquico possa ser revertida e passe a evoluir em sintropia.

Você como pai/mãe, empregador ou educador precisa fazer muito mais em situações como essas. Você precisa realmente dedicar mais do que você imagina ser capaz cognitivamente e mais do que você imagina ser capaz emocionalmente. Primeiramente para encontrar as soluções possíveis e, posteriormente, transformar com empenho essas soluções em cultura dentro de sua organização. Além disso, como todos temos uma mente, devemos usar esse empenho em nós mesmos e, em paralelo, usar com o outro. Coloque a máscara antes em você e depois na criança sentada ao seu lado - lembra?

Esse esforço duplo vale a pena, pois o retorno sobre esse investimento não afeta diretamente a sua conta no banco, mas adiciona mais anos em sua vida e mais vida em seus anos. Primeiramente para você mesmo e, depois do entendimento desta nova linguagem do cuidado, para os seus próximos. Seus colegas, chefes ou subordinado, stakeholders em geral e, eventualmente, para todos a sua volta. Essa, de forma bem sintética, é a cadência da revolução em saúde mental que estamos começando a construir agora - um dia por vez.

João Mognon

Artist, Meditator & Entrepreneur

http://www.joaomognon.com
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